quinta-feira, 27 de agosto de 2009






Há 15 anos, um craque conquistou a América do Sul


Depois de certa idade o tempo acelera de maneira inexorável. Os anos passam na velocidade de um carro Fórmula um. O tique taque do relógio ecoa em nossos tímpanos e a gente percebe então a coerência daquela famosa frase do locutor da Rádio Relógio: “Cada segundo é um milagre que não se repete”. Algumas vezes, a preocupação com o presente e o futuro causa o esquecimento imperdoável de um passado recente. Há 15 anos, o craque Much Better escreveu algumas das mais belas páginas do turfe brasileiro. O castanho criado no Haras J.B. Barros defendeu de forma gloriosa a farda do Stud TNT e conquistou na mesma temporada, 1994, todas as principais provas da América do Sul.

Much Better teve início de campanha apagado, mas seu treinador, o saudoso João Luiz Maciel, era um gênio na arte de preparar cavalos de corrida. “Ele é craque e vai provar esta condição em breve. Mas é o tipo de cavalo que só evolui com a seqüência de corridas. O puro-sangue tardio é assim”, ele sempre repetia. Depois de algumas corridas sofríveis, o filho de Baynoun e Charming Doll foi operado do joelho pelo veterinário Flávio Geo Siqueira. Voltou às pistas para conquistar todas as glórias possíveis montado pelo campeão dos campeões, Jorge Ricardo.

Em final de fevereiro de 1994, eu estava no quiosque do centro de treinamento do Haras Vale da Boa Esperança, em Itaipava. João Maciel apertava as agulhas do seu cronômetro, enquanto seus pensionistas trabalhavam numa perfeita pista de areia. O jovem treinador, com 31 anos, ali estava desde 1986, e já colecionava vitórias importantes em quase todas as provas do calendário clássico. Era uma sumidade. Um garoto prodígio. Mas João Maciel era ambicioso e sonhava sempre mais alto. Logo depois de Much Better perder o GP Brasil de 1993 para Villach King, no olho mecânico, ele virou-se para mim conformado e afirmou em tom profético. “Perdi hoje, mas no ano que vem nós vamos ganhar tudo”, sentenciou.

Much Better entrou na pista para trabalhar montado por Nelson Marinho, melhor redeador da equipe. Era o exercício final para o Latino-Americano, na semana seguinte, em La Plata, na Argentina. Fez ótimo treino, mas quando saiu da raia, Marinho virou-se para João Maciel preocupado: “A respiração está muito ofegante. Ele cansou”, afirmou. Maciel limitou-se a sorrir e falou; ”É claro Neguinho! O cavalo está uns 15 quilos acima do peso em que vai correr. Você esqueceu que ele vai viajar três horas de avião para Buenos Aires e mais uma hora e meia de caminhão até La Plata?”, questionou sem perder a calma.

Much Better viajou com 495 quilos. No dia seguinte, em La Plata, apenas descansou depois de caminhar. Na quinta-feira foi para a raia de fez um apronto de 800 metros em 49s. João Maciel então perguntou para Nelson Marinho. “E agora Neguinho; O que é que você me diz do cavalo?”. O redeador abriu um largo sorriso e falou; “Agora é o Much Better que eu conheço. Nem parece que ele fez um treino forte”. João Maciel levou o cavalo para pesar. A balança mostrou 480 quilos. Era incrível! Ele estava no peso que Maciel queria para competir. No sábado, diante de um hipódromo superlotado Much Better derrotou o chileno Enfático e o brasileiro Romarin e conquistou o Latino-americano.

Em maio, Much Better foi disputar o GP São Paulo. João Maciel já confidenciara a mim e ao Ricardinho que era portador de doença incurável. Não quis entrar em detalhes, mas afirmou que tinha apenas mais uns dois anos de vida e, portanto, pouco tempo a perder. Depois do Latino-americano, o treinador repetia sempre que tinha mais quatro metas para realizar antes de morrer. Ganhar o GP São Paulo, o GP Brasil, o GP Carlos Pellegrini e a estatística de treinadores.

“A estatística é a meta mais fácil de cumprir. Estou com 120 cavalos, de alguns dos melhores proprietários do país. É quase uma obrigação levar a melhor. Quanto aos outros páreos, à gente só não ganha por falha minha na preparação do cavalo ou do Ricardo na corrida. Por que Much Better é um super craque e a nossa obrigação é fazer a nossa parte direito”, afirmou.

Todos fizeram sua parte. Much Better venceu o GP São Paulo, o GP Brasil e o GP Carlos Pellegrini. E ainda teve tempo de correr o Arco do Triunfo, em Paris, aonde chegou na 14ª colocação, entre os 23 melhores cavalos do mundo. Voltou ao Brasil e 21 dias depois perdeu a Copa ANPC para Fantastic Dancer na fotografia, em tempo recorde. Um cavalo fantástico, com um treinador de outro planeta e montado pelo melhor jóquei do universo.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009






Meu caro amigo me perdoe por favor

O meu amigo Arnaldo, dono do agente credenciado da Rua Gomes Carneiro, fronteira entre Ipanema e Copacabana, não gosta quando eu escrevo sobre os clássicos da semana. Ele prefere as crônicas com histórias engraçadas, curiosas ou pitorescas. Na semana passada, ele tentou me convencer a editar um livro com algumas crônicas desde os meus tempos no Jornal do Brasil. Tentei lhe explicar, entre uma cuba-libre e outra, que nem sempre existem temas polêmicos ou eventos significativos capazes de motivar colunas do mesmo nível. Não consegui convencê-lo. Vou falar pouco sobre os triunfos de Sobreaviso, do Haras São José da Serra, e Salle de Bain, do Haras Santa Maria de Araras. Do contrário, eu já sei que ele só vai ler o primeiro parágrafo.

As histórias e os personagens do mundo turfístico eram mais ricos nos tempos do hipódromo lotado. A estrutura do turfe modificou-se e hoje, com exceção dos grandes eventos, as tribunas ficam vazias, sem aquela vibração de outrora. Mais de 85% do movimento de apostas vem dos agentes credenciados. O espetáculo em si, as corridas de cavalos, não têm nem de longe a platéia de décadas passadas. A reta final levantava as multidões. O jóquei recebia autêntica consagração depois de vencer um páreo escamado. E aqueles que davam direções ruins nos seus pilotados eram vítimas de vaias ensurdecedoras. Hoje em dia o silêncio impera diante de qualquer circunstância. Há muito tempo escrevo sobre a necessidade de encontrar, com urgência, mecanismos para trazer as pessoas ao prado.

As apostas sustentam a atividade turfística. Não há como fugir disso. A equação do sucesso é simples. Hipódromo confortável, com banheiros disponíveis, boas acomodações, bares e restaurantes atrativos, preços populares proporcionam grande lotação. Grande público é sinônimo de muitas apostas e renovação constante deste mesmo público. A aquisição dos jovens promove barulho. E barulho dá ibope na mídia. E depois de chegar à mídia é só pegar o primeiro atalho para o paraíso. O paraíso é ter sempre lotado um dos locais mais belos do país, o Hipódromo da Gávea.

O peão do prado carioca é de rara beleza. A paisagem em volta, com o Corcovado, a Pedra da Gávea, o Jardim Botânico, o Horto Florestal e a Lagoa Rodrigo de Freitas são deslumbrantes. Deveria haver um estudo para ocupar este peão do prado nos dias de corrida. É um local para estar repletos de crianças, casais de namorados e famílias. Esta ocupação é comum na Argentina e no Chile. E o melhor de tudo é que esta gente toda funciona como garotos-propagandas sem causar qualquer atropelo para as corridas e para as apostas por que estão afastados de ambos. Nada impede de colocar máquinas de apostas para este público diferente se familiarizar.

É preciso administrar o turfe com a absoluta convicção de que seja o que for feito no hipódromo não pode atrapalhar as apostas. Elas são o balão de oxigênio da atividade. Tudo deve ser feito para facilitar e estimular o apostador. Ele é o grande herói da parada. Ele é o protagonista do espetáculo ao lado dos cavalos de corrida. Os outros são coadjuvantes. O turfe existe em função dos cavalos e dos turfistas. Todos são importantes, dirigentes, funcionários e profissionais. Mas só os cavalos e os aficionados são indispensáveis. Tudo deve ser feito para que eles tenham as melhores condições. Os cavalos de corrida merecem do bom e do melhor. E quem os ama de paixão também.

OS CLÁSSICOS

Sobreaviso, de criação e propriedade do Haras São José da Serra, venceu com valentia a Prova Especial Gualicho, em 3.000 metros, na grama. Marcelo Cardoso deu ótima direção ao ganhador, que foi apresentado em forma exuberante por Dulcino Guignoni. Filippio, criado no Haras Santa Ana do Rio Grande, e defensor do Stud Interbúzios, foi o segundo colocado em grande exibição. Ilson Correa correu com excesso de confiança e por isso foi derrotado.

Salle de Bain, de criação e propriedade do Haras Santa Maria de Araras, confirmou todas as expectativas de Roberto Morgado Neto e massacrou as adversárias na Prova Especial Mário Jorge de Carvalho, 1.600 metros, na grama. A americana agradeceu a medicação de lasix e o páreo em distância menor. Jean Pierre esteve impecável no seu dorso numa tarde em que o campo de criação de Julio Bozzano ainda ganhou mais dois páreos comuns.

sábado, 15 de agosto de 2009

TABELA DE PESO PARA CORRIDA

TABELA DE PESO PARA CORRIDA
DISTÂNCIA











1000

1200

IDADE

IDADE
MESES
2
3
4
5 e mais

2
3
4
5 e mais
AGO
-
55
62
63

-
53,5
63
63,5
SET
-
55,5
62
63

-
54
62
63,5
OUT
-
56
62
62,5

-
55
62
63
NOV
-
57
62
62

-
56,5
62
62,5
DEZ
-
58
62
62

-
57,5
62
62
JAN
-
58,5
62
62

-
58
62
62
FEV
49,5
59,5
62
62

46,5
58,5
62
62
MAR
51
60
62
62

51
60
62
62
ABR
52,5
60,5
62
62

52,5
60,5
62
62
MAI
54
61
62
62

54
61
62
62
JUN




















1400

1600

IDADE

IDADE
MESES
2
3
4
5 e mais

2
3
4
5 e mais
AGO
-
53,5
62
63,5

-
53,5
62
64
SET
-
54
62
63,5

-
54
62
64
OUT
-
55
62
63

-
55
62
63,5
NOV
-
56,5
62
62,5

-
56,5
62
63
DEZ
-
57
62
62

-
57
62
62,5
JAN
-
57,5
62
62

-
57,5
62
62
FEV
-
58
62
62

-
58
62
62
MAR
47
58,5
62
62

47
58,5
62
62
ABR
48,5
59,5
62
62

48,5
59,5
62
62
MAI
49,5
60
62
62

49,5
60
62
62
JUN



















DISTÂNCIA

2000


2400


IDADE


IDADE

MESES
3
4
5


3
4
5 e mais

AGO
51,5
62
64,5


51
62
65

SET
52
62
64,5


51,5
62
65

OUT
53
62
64


52,5
62
64,5

NOV
54,5
62
63,5


53,5
62
64

DEZ
55,5
62
63


54,5
62
63,5

JAN
56
62
62,5


55,5
62
63

FEV
57
62
62


56,5
62
62

MAR
57,5
62
62


57
62
62

ABR
58,5
62
62


58
62
62

MAI
59
62
62


58,5
62
62

JUN




















3000

4000

IDADE


 IDADE
MESES
3
4
5 e mais


3
4
5
6
AGO
50
62
65,5


48,5
62
66
67
SET
50,5
62
65,5


49
62
66
67
OUT
51
62
65


50
62
65,6
66,5
NOV
52,5
62
64,5


51,5
62
65
66
DEZ
53,5
62
64


52,5
62
64,5
65
JAN
54,5
62
63,5


53,5
62
64
64,5
FEV
56
62
63


54,5
62
63,5
63,5
MAR
56,5
62
62,5


55,5
62
63
63
ABR
57,5
62
62


56,5
62
62,5
62,5
MAI
58
62
62


57,5
62
62
62
JUN