quinta-feira, 20 de agosto de 2009






Meu caro amigo me perdoe por favor

O meu amigo Arnaldo, dono do agente credenciado da Rua Gomes Carneiro, fronteira entre Ipanema e Copacabana, não gosta quando eu escrevo sobre os clássicos da semana. Ele prefere as crônicas com histórias engraçadas, curiosas ou pitorescas. Na semana passada, ele tentou me convencer a editar um livro com algumas crônicas desde os meus tempos no Jornal do Brasil. Tentei lhe explicar, entre uma cuba-libre e outra, que nem sempre existem temas polêmicos ou eventos significativos capazes de motivar colunas do mesmo nível. Não consegui convencê-lo. Vou falar pouco sobre os triunfos de Sobreaviso, do Haras São José da Serra, e Salle de Bain, do Haras Santa Maria de Araras. Do contrário, eu já sei que ele só vai ler o primeiro parágrafo.

As histórias e os personagens do mundo turfístico eram mais ricos nos tempos do hipódromo lotado. A estrutura do turfe modificou-se e hoje, com exceção dos grandes eventos, as tribunas ficam vazias, sem aquela vibração de outrora. Mais de 85% do movimento de apostas vem dos agentes credenciados. O espetáculo em si, as corridas de cavalos, não têm nem de longe a platéia de décadas passadas. A reta final levantava as multidões. O jóquei recebia autêntica consagração depois de vencer um páreo escamado. E aqueles que davam direções ruins nos seus pilotados eram vítimas de vaias ensurdecedoras. Hoje em dia o silêncio impera diante de qualquer circunstância. Há muito tempo escrevo sobre a necessidade de encontrar, com urgência, mecanismos para trazer as pessoas ao prado.

As apostas sustentam a atividade turfística. Não há como fugir disso. A equação do sucesso é simples. Hipódromo confortável, com banheiros disponíveis, boas acomodações, bares e restaurantes atrativos, preços populares proporcionam grande lotação. Grande público é sinônimo de muitas apostas e renovação constante deste mesmo público. A aquisição dos jovens promove barulho. E barulho dá ibope na mídia. E depois de chegar à mídia é só pegar o primeiro atalho para o paraíso. O paraíso é ter sempre lotado um dos locais mais belos do país, o Hipódromo da Gávea.

O peão do prado carioca é de rara beleza. A paisagem em volta, com o Corcovado, a Pedra da Gávea, o Jardim Botânico, o Horto Florestal e a Lagoa Rodrigo de Freitas são deslumbrantes. Deveria haver um estudo para ocupar este peão do prado nos dias de corrida. É um local para estar repletos de crianças, casais de namorados e famílias. Esta ocupação é comum na Argentina e no Chile. E o melhor de tudo é que esta gente toda funciona como garotos-propagandas sem causar qualquer atropelo para as corridas e para as apostas por que estão afastados de ambos. Nada impede de colocar máquinas de apostas para este público diferente se familiarizar.

É preciso administrar o turfe com a absoluta convicção de que seja o que for feito no hipódromo não pode atrapalhar as apostas. Elas são o balão de oxigênio da atividade. Tudo deve ser feito para facilitar e estimular o apostador. Ele é o grande herói da parada. Ele é o protagonista do espetáculo ao lado dos cavalos de corrida. Os outros são coadjuvantes. O turfe existe em função dos cavalos e dos turfistas. Todos são importantes, dirigentes, funcionários e profissionais. Mas só os cavalos e os aficionados são indispensáveis. Tudo deve ser feito para que eles tenham as melhores condições. Os cavalos de corrida merecem do bom e do melhor. E quem os ama de paixão também.

OS CLÁSSICOS

Sobreaviso, de criação e propriedade do Haras São José da Serra, venceu com valentia a Prova Especial Gualicho, em 3.000 metros, na grama. Marcelo Cardoso deu ótima direção ao ganhador, que foi apresentado em forma exuberante por Dulcino Guignoni. Filippio, criado no Haras Santa Ana do Rio Grande, e defensor do Stud Interbúzios, foi o segundo colocado em grande exibição. Ilson Correa correu com excesso de confiança e por isso foi derrotado.

Salle de Bain, de criação e propriedade do Haras Santa Maria de Araras, confirmou todas as expectativas de Roberto Morgado Neto e massacrou as adversárias na Prova Especial Mário Jorge de Carvalho, 1.600 metros, na grama. A americana agradeceu a medicação de lasix e o páreo em distância menor. Jean Pierre esteve impecável no seu dorso numa tarde em que o campo de criação de Julio Bozzano ainda ganhou mais dois páreos comuns.

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