segunda-feira, 29 de junho de 2009

NOS MÍNIMOS DETALHES

Grande Prêmio Margarida Polak Lara – Taça de Prata

Grupo 1 – 1600G – 28.06.2009

Potrancas de 2 anos

Talenta, Wild Event e Brincalhona (Lode), encontra passagem providencial junto à cerca e conquista em final difícil e emocionante a Taça de Prata.

Foi sua 4ª vitória seguida, a 1ª em prova de grupo.

O páreo saiu com Desejada Normand assumindo a dianteira e lhe seguiam, Questing New, Inchatillon, Ópera Cômica, Action Street, Presente, Talenta e Trip Over.

Na altura dos 900, Ópera Cômica que havia passado para 3º, parece ter se perdido nas patas de Chantillon e seu piloto teve que levantá-la. Sobrou para 5º e este prejuízo lhe foi fatal.

No final da curva, seguia Desejada Normand em 1º, com Inchatillon a seu lado. Em 3º Questing New e a seguir, Action Street, Ópera Cômica, Presente, a ganhadora Talenta e por último Trip Over.

Nos 500, Question New passava por Inchatillon, Desejada Normand dava por cumprida sua missão. Qual missão?

Em seguida, Action Street e Talenta.

Nos 300, Questing New abriu 1 corpo e meio de vantagem.

Mazini já havia percebido que sua conduzida ficaria mal, pois Questing New ao tomar a ponta, foi para a cerca, onde se encontrava Inchatillon. Levantou sua pilotada e a lançou por fora. Em 3º vinha Action Sreet e em 4º Talenta.

A.C.Silva que viu Mazini abrir com Inchantillon levou imediatamente sua pilotada para junto à cerca. Deu sorte, pois Questing New seguia pela raia l e abriu de cansaço no final, permitindo que Talenta prosseguisse sua atropelada junto aos paus, chegando ao disco com paleta de diferença sobre a 2ª colocada.

Action Street entrou na reta na 4ª posição. Corria bem à frente de Talenta. Ficou fácil para a ganhadora, mas no final voltava. Foi excelente 2º lugar.

Inchantillon teve no início uma batalha inglória, brigando pela ponta com Desejada Normand. Ambas defendiam as cores do Stud Alvarenga. Teve participação bem relevante no desenrolar da prova. Depois de ser batida por Questing New, voltou e conseguiu um 3º próximo.

O 4º lugar coube a Questing New. Ponteou até os 150.

Aliás, nos 150, as 4 primeiras colocadas, se encontravam em linha, na briga pelo 1º posto. Esta esmoreceu um pouco no final.

Fechou o placar, Ópera Cômica, cuja corrida não deve ser levada em conta, devido a sérios prejuízos sofridos no percurso.

O páreo foi corrido em 1m37.88 com o penetrômetro marcando pela manhã, 5.5 .


Ficha técnica da ganhadora

Criador: Santa Maria de Araras
Proprietário: Stud J. G. Correia
Jóquei: A. C. Silva
Treinador: A. L. Cintra


Sérgio Melgaço

NOS MÍNIMOS DETALHES

Grande Prêmio ABCPCC – Velocidade-Grupo 1- 28.06.2009

Produtos de 2 anos e mais idade


El Jogo Virtual, Mig e Spark Light (Spark Chief), carregando apenas 52 kg., largou e acabou, não tomando conhecimento dos rivais.

Desde a partida M’Almeida foi enérgico em seu dorso, garantindo entrar na reta ponteiro. Daí para o disco, a diferença para os adversários só fez aumentar.

El Jogo Virtual é dono de um recorde impressionante.

Ao vencer importante penca em Carazinho cravou para os 600 metros extraordinários 30s9/10. Permanece invicto, com duas vitórias em hipódromos oficiais e já com 1 vitória em prova de grupo. Este promete...

Cores do Brasil e Sol de Angra, cruzaram a seta dos 600 metros emparelhados na luta pelo 2º posto e nos 200 finais, Cores do Brasil começou a livrar pequena vantagem, deixando Sol de Angra no 3º lugar.

Completou o placar, Pé de Anjo, que embora tenha chegado em último, deslocando 60 kg., descontou bem, chegando a 1 corpo da 2ª colocada.

O vencedor, foi criado pelo Haras Nova Vitória e pertence a Fábio Benjamim Araldi.

Tempo do páreo: 57s.20

Não correram, Special Class e El Demolidor.


Sérgio Melgaço

quinta-feira, 25 de junho de 2009







Prado carioca vai ter um domingo de gala

O verdadeiro turfista deve organizar sua agenda nesta semana. O domingo a tarde tem que estar vago de qualquer compromisso. A diretoria do Jockey Club Brasileiro preparou programação de luxo, com quatros grandes prêmios, sendo três deles de Grupo I. A prova central é o Grande Prêmio Associação Brasileira de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida, Matias Machline, em 2.400 metros, na grama, com um campo reduzido, mas seleto, com apenas sete competidores: Gibson, Engaging, Olympic Gatsby, Time For Fun, Mirassol, Desejado Máximo e Smile Jenny. No mesmo dia serão disputadas ainda as Taças de Prata, de potros e potrancas, GP João Adhemar de Almeida Prado e GP Margarida Polak Lara, respectivamente. O GP ABCPCC Sprint, em 1000 metros, na grama, completa a programação.

O Departamento de Marketing organizou uma série de promoções que incluem sorteio de vales-pules para os apostadores presentes ao prado e de uma televisão LCD de 42 polegadas. E para abrilhantar a festa, o convidado de honra será Jorge Ricardo, que vem de Buenos Aires para conduzir Engaging, do Haras Maluga, no Matias Machline, e o potro True Event, de Abdul Rahman Al Jasmi Stud, na Taça de Prata de potros.

EMOÇÃO A FLOR DA PELE

O turfe e suas emoções tão especiais. O Clássico Eurico Solanês, em 1.400 metros, na grama, foi ganho por Olympic Election, do Haras Regina, treinado pelo neto do patrono da prova, Roberto Solanês, e alojado no centro de treinamento do filho, Gilberto Solanês. Enfim, vibração muito especial de toda a família. Aliás, foi uma semana repleta de triunfos e boas atuações dos animais do Verde e Preto, e muita gentileza do titular do Haras Regina correr Olympic Election com farda de Eurico Solanês.

REGENERADA CORRE MUITO

A craque Regenerada, do Stud Alvarenga, cumpriu destacada atuação no Hipódromo de Palermo, na Argentina. Obteve a segunda colocação no Clássico Jockey Club do Panamá depois de brigar até os metros finais. Jorge Ricardo não pode montar a égua brasileira devido a presença de concorrente do Stud Rubio B, de quem é jóquei contratado no páreo. Por sinal, sua montaria fechou a raia.

SIMULCASTING COM CAMPOS

O simulcasting de sexta-feira será com o Jockey Club de Campos. O Hipódromo dos Canaviais, como é carinhosamente chamado, tem feito esforço enorme para elevar o nível das corridas e realizar páreos de melhor qualidade. Tem sido admirável a dedicação dos profissionais para recuperar o tempo perdido apesar da dificuldades financeiras de toda a atividade turfística no país. Em breve, pretendo fazer visita a turma de Campos, na companhia do meu amigo, colega e locutor, Luís Urubatan Carlos. Na oportunidade vamos fazer uma matéria especial sobre o turfe campista para o site do JCB.


NOS MÍNIMOS DETALHES

Clássico Eurico Solanés (L.) –1.400G – 21.06.2009


Produtos de 2 anos e mais idade


Olympic Election, Notation e Keep Free (Spend a Buck), vence este clássico , e faz a alegria de três gerações.

Seu Eurico, lá de cima, torceu muito, vendo ganhar um animal treinado pelo seu neto, Beto, no centro de treinamento de seu filho, Gilberto trazendo o nome do Stud que lhe pertenceu. O Verde e Preto.

Ostentando forma impecável, vinha de vitória massacrante em páreo de turma, não deu muito trabalho ao seu piloto D. Duarte para levá-lo vencedor ao disco.

O páreo saiu bem ligeiro, com as duas éguas da competição assumindo os 1º e 2º lugares; Say Goodbye e Right Line. Em 3º corria Uniboy de Job, em 4º Senhor Extra e em 5º o que seria o vencedor, fazendo um percurso perfeito e nesta ordem, seguiram até a entrada da reta.

Lavor não teve muita sorte. Ao instigar a égua na partida, mesmo sem o uso do chicote, Right Line partiu p’ra cima de Say Goodbye. Correu portanto apurada e talvez não fosse esta a intenção do piloto, mas o fato é que não poderia mais levantá-la. Este esforço inicial deve lhe ter sido fatal. Égua sujeita a hemorragia, mesmo fazendo uso do lasix, pode ter que tenha sofrido deste mal. Embora ligeira, pensamos que prefere correr acomodada para uma atropelada.

Voltemos ao início da reta. Para se ter uma idéia do ritmo da prova, salientamos que, os quatro competidores que ocupavam as colocações principais, não chegaram no marcador.

O ganhador, que ocupava o 5º posto, fez o contorno da curva com perfeição. Por uma brecha surgida pela raia 3, assumiu o 2º lugar nos 400 e logo a seguir dominava o páreo, passando por Right Line que se apagava totalmente e seguiu firme até o disco.

Lieve, 2º colocado, correu muito. Corria 6º na reta oposta e seguiu nesta posição até o final da grande curva. Atropelou aberto e trouxe o melhor final do páreo. Encurtou bem chegando a pouco mais de um corpo do vencedor.

Mestre Feiticeiro correu no bloco de trás; com bom percurso, contornou a curva em 9º, junto à cerca e seu piloto soube se livrar bem dos adversários na reta. Progrediu pelas raia internas e foi bom 3º.

Isso Inconteste levou pequeno tropeção na largada. Ficou último.

Bruno o levou para correr por fora, raia 7 na reta oposta. Não era necessário abrir, pois estava em último e continuou nesta posição até a entrada da reta. Com tocada enérgica o piloto conseguiu faze-lo descontar bem. Foi 4º razoável.

Caio de Naranjos, correndo entre os últimos, conseguiu ganhar posições; dominou Senhor Extra nos instantes finais e completou o marcador.

No pódio, Gilberto Solanés visivelmente emocionado, abraçava seu filho e houve muita comemoração em família.

José Carlos Carnevale, titular do Exocet e Sérgio Coutinho Nogueira, titular do Haras Regina, respectivamente criador e proprietário do craque, ambos amigos de Gilberto, vibraram muito com a vitória de Olympic Election, que obteve sua 4ª vitória, sendo esta a 1ª no universo clássico.

Sua próxima apresentação, será provavelmente na milha do Presidente da República.

Não correram: Prosciutto, que foi retirado por ter disparado no alinhamento, Urubu Malandro, Light Blue e Rainha Carolina, sendo que os dois últimos eram suplentes.

O páreo foi corrido no tempo de 1m22m95, com o penetrômetro marcando 2.9 e com cerca móvel de 9 metros.


Sérgio Melgaço

segunda-feira, 22 de junho de 2009







Turfe perde Antônio Domingos Meirelles Quintella

Com o passar dos anos a gente tenta se acostumar com a inexorável sucessão de perdas. Afinal, elas são inevitáveis. Mas quando acontecem descobrimos nunca estarmos realmente preparados. No sábado de manhã recebi a notícia do falecimento do grande advogado, sócio do Jockey Club Brasileiro, criador e proprietário, Antônio Domingos Meirelles Quintella. Eu estava na repesagem, cumprindo a velha rotina de esperar a medida da raia, verificar os forfaits da Gávea e logo em seguida participar do programa “Turfe Espetacular”. Uma grande tristeza me abateu.

O doutor Quintella foi sempre grande incentivador do meu trabalho. Acompanhava as coberturas jornalísticas no Jornal do Brasil, dizia-se fã da minha coluna, aos domingos, e quando fui despedido do jornal, em 2.001, sob alegação de que o turfe não era mais de interesse da editoria de esportes, ficou indignado. Decidiu patrocinar o chamado “Páreo Corrido” na antiga Revista Jockey Club Brasileiro.

Eu trabalhava na TV Turfe, escrevia uma coluna na Revista Turfe Cidade Jardim e tinha dado início à profissão de agentes de montarias no turfe carioca. Mas é claro que havia perdido o meu carro chefe, o JB, e o nobre incentivo do doutor Quintella ajudou-me sob todos os aspectos: financeiro, pessoal e profissional. Era um homem apaixonado pela dignidade. A sua obsessão era a Justiça. E por isso mesmo não conseguia disfarçar sua intolerância com as atitudes mesquinhas. Era crítico ferrenho da arbitrariedade e lutava pelo direito das pessoas de expressar-se em todas as circunstâncias.

Tive a oportunidade de cobrir, para o Jornal do Brasil, a famosa eleição pela presidência do Jockey Club Brasileiro entre Luiz Alfredo Taunay e Julio Bozzano. Naquela oportunidade, doutor Quintella presidiu a mesa de apuração das urnas. Esteve impecável. Manteve com pulso forte a organização do evento, não permitiu qualquer tipo de manifestações impróprias e aceitou a derrota do seu candidato com aquela atitude resignada dos que respeitam a democracia.

Feliz daqueles que privaram do relacionamento com o doutor Quintella no Hipódromo da Gávea. No prado ele esquecia as liminares, os recursos, os tribunais, as petições e até o fórum. Queria torcer pelos seus puros-sangues com aquela linda farda preta com listras verticais verdes e boné verde. Adorava uma prosa. Mas eram conversas rápidas, enquanto deslocava-se do restaurante para o padoque, ou da tribuna para a foto da vitória no winner-circle. Não perdia tempo com papo-furado. Depois de lhe cumprimentar ia direto ao assunto. Era um homem de frases curtas e objetivas e também apreciava respostas neste mesmo ritmo. Talvez, por isso, tínhamos a simpatia mútua entre o advogado e o jornalista.

O velho Quintella fazia questão de vir a minha mesa, estender a mão e me elogiar por alguma crônica que havia gostado. Da mesma maneira, passava ao largo, apenas acenava, e reclamava quando o texto não tinha sido do seu agrado: “Você só descreveu o páreo. Mais nada. Pode fazer coisa melhor. Vamos caprichar para a próxima”, incentivava. No fundo, lá no meu íntimo, eu ficava impressionado com a sua sensibilidade. A gente tem plena consciência quando fez algo bom e da mesma forma tem convicção, em outras oportunidades, que poderia ter escrito um texto melhor.

Agora, a dura realidade. O meu crítico mais elegante e também, o mais exigente, se foi. E fico pensando. Será que consegui fazer justiça nestas mal traçadas linhas ao homem e ao advogado. Espero que sim. Que pena! Ele não vai poder mais me dizer. Meus sinceros pêsames a família. Não pude estar no velório por questões profissionais. O doutor Quintella só poderia nos deixar num dia de corrida. Força para o amigo Quintelinha, turfista apaixonado feito o pai. Tenho certeza que ainda vamos lembrar muito dele, a cada vitória do Stud Quintella, no preparo perfeito do Luiz Guilherme Feijó Ulloa e na tocada bonita do Carlos Geovani Lavor.

domingo, 14 de junho de 2009

NOS MÍNIMOS DETALHES

Clássico Riboletta – 2.000G – 14.06.2009

Remember Carina, Grand Slam e Verinha (Baromius), sob a responsabilidade de R. M. Lima e supervisão de D. Guignoni, obteve sua 3ª vitória, a 1ª no universo clássico.

A americana criada por R. D. Hubbard pertence ao Stud TNT. é de nascimento do hemisfério norte e deve estar chegando agora no auge de sua forma.

A tabela de pesos lhe foi extremamente favorável.

Após uma boa largada, assumiu a dianteira a ligeira Sétima Arte.

M’Almeida com apenas 53kg não teve dificuldade em se posicionar em 2º.

Remember Carina foi se aproximando da ponteira e na altura dos 200 finais, sentiu o látego pela 1ª vez. Dominou o páreo com autoridade e chegou ao disco com 3 ½ corpos de vantagem.

M’Almeida que é craque no percurso, esteve perfeito em seu dorso.

A 2ª colocada La Vendetta fez um bom reaparecimento. Corria 6º no final da reta oposta, contornando a curva em 5º, um pouco aberta. Chegou a ficar 6º nos 400 e engrenou boa atropelada, passando para 2º nos 50 finais. Tem tudo para melhorar.

Sétima Arte foi bom 3º. Ponteira desde a largada, seguiu no 1º posto até os 200 e perdeu a dupla nos instantes finais.

Really Winner corria 7º no início da grande curva e ganhou posições nos instantes finais, fazendo um 4º razoável.

Lap Dance correu 3º até os 100 finais e perdeu 2 colocações fechando o marcador.

Não correu, Ducados. Foi retirada por ter disparado no alinhamento.

Tempo do páreo: 2m05s30 – penetrômetro: 4.4 – cerca móvel: 4m.

Sérgio Melgaço

O CARRASCO


NOS MÍNIMOS DETALHES

Prime Hall, de criação e propriedade do Stud São Francisco da Serra,vence em final escamado, handicap para animais de 3 anos e mais na distância de 1600 na grama.
Com apresentação impecável de J. C. Sampaio, o filho de Crimson Tide e Pleni Turbo (Choctaw Ridge), contou com a importantíssima colaboração de I. Correa.
O páreo saiu ligeiro, com Park Ave assumindo a ponta e Prime Hall no seu encalço, tal como da última vez que estes dois competidores se enfrentaram. Desta feita, o pilotado de C. Lavor custou muito a se entregar. Park Ave melhorou. Entrou na reta 1 corpo na frente de Prime Hall e Lavor se empenhou ao máximo para amparar o ataque do favorito. Emparelhados desde os 400, somente nos 100 finais Prime Hall começou a dar pinta que dominaria seu irmão, conseguindo livrar pescoço no disco, obtendo a 4ª vitória em sua campanha.

O 3º colocado, Record Holder, fez igualmente bela apresentação.
Foi prejudicado na largada, quando Park Ave saiu enviesando para dentro. Corria 4º na reta oposta e nos 800 passou por Rubro Negro e posicionou-se em 3º. Nos 600, corria 3 corpos atrás dos ponteiros e no final encurtava bastante dos mesmos, chegando a 1 corpo do ganhador.
Only Solution corria 5º e nos 400 dominava Rubro Negro, fazendo um 4º distante, sem incomodar os da frente.
Fechou o marcador, Frisson Portenho.
Tempo do páreo:1m37s21. Penetrômetro: 5.2.Cerca móvel:4 m.

Sérgio Melgaço

quarta-feira, 10 de junho de 2009







Turfistas, um bando de loucos pela mesma paixão!

Ser turfista é um estado de espírito. E, ao mesmo tempo, um caso de amor com os cavalos e as corridas. Ser turfista é enfrentar preconceito, desconfiança e inveja. Preconceito por que alguns pensam que turfe é apenas jogo de azar. Santa ignorância. Desconfiança por que outros tantos acham que podemos desencaminhar e levar a perdição um membro de sua família que se aproxime de nós. Não temos esta intenção e nem esse poder. E inveja, principalmente, por não possuir esta nossa capacidade de amar de forma desinteressada um esporte belo, altivo e imponente. O turfista é independente, confiante e generoso. São qualidades raras, e que por isso, sofrem permanente discriminação.

O turfista se interessa por todos os detalhes de uma corrida. Não gosta de sentir-se preguiçoso. Orgulham-se de estarem sempre bem informados sobre as filiações dos puros-sangues, os seus treinos matinais e também sobre os segredos guardados a sete chaves nas cocheiras. O turfista é passional. Não pode evitar sentir maior afeição por este ou aquele jóquei. De torcer de formar parcial por determinado treinador. E sempre se apaixona por algum cavalo e aposta nele em qualquer circunstância. Até mesmo quando vai enfrentar um páreo acima de sua categoria.

O verdadeiro turfista estuda os páreos durante horas na revista Turfe Brasil, única especializada no país. Alguns gravam os páreos e passam em casa, em slow-motion, para tirar dúvida sobre o percurso de um determinado cavalo. O turfista troca idéias com os colegas para tentar chegar a um denominador comum. Isto é impossível. A concordância é sempre parcial. Existem pontos de divergência inegociáveis. Só a corrida comprovará quem tem razão.

O turfista não joga sem assistir o cânter de apresentação dos cavalos. E alguns, não deixam de ir ao prado, para ver os concorrentes no padoque, antes do páreo, e tirar conclusões importantes sobre o sistema nervoso, a pelagem dos puros-sangues e o comportamento dos proprietários, jóqueis e treinadores. Como se fosse um jogo de pôquer. Observam e decoram os tiques nervosos, cacoetes e trejeitos que denunciam a confiança na corrida do cavalo. O turfista tradicional não dispensa o binóculo, o cronômetro e sempre tem em mãos o programa oficial. Nenhum detalhe pode passar despercebido. Pode ser fatal.

O turfista é mais fiel do que qualquer esportista. Ele enfrenta um calor de 40 graus e um dia de frio de bater o queixo. Nada é mais importante do que manter-se atualizado com sua paixão e vivê-la intensamente. Para ver as corridas de cavalos ele é capaz de suportar várias dificuldades. Banheiros em péssima conservação, funcionários de guichês mal humorados, falta de bares e restaurantes adequados. Enfim, nada é obstáculo para o infinito prazer que lhe proporciona uma bela reta final, com dois cavalos emparelhados, cabeça a cabeça, até a decisão no fotochart. A adrenalina de vencer uma carreira nestas circunstâncias não pode ser atingida em nenhuma outra ocasião.

É claro que quem voa de asa delta vai discordar. O pára-quedista idem. E outras tribos também. Mas só quem faz parte deste bando de loucos apaixonados pelo turfe sabe a emoção que proporciona ver um craque como Itajara correr, e deixar os adversários no meio da reta, ou presenciar um jóquei, como Jorge Ricardo montar, e ganhar páreos sem parar de todas as maneiras possíveis e imagináveis. O turfe, desde antes de Jesus Cristo, é chamado de o esporte dos reis. É não é por acaso.

quarta-feira, 3 de junho de 2009







Marcos Mazini, cada dia melhor


O turfe carioca encontrou o substituto para o campeão Jorge Ricardo, que reinou absoluto por 24 anos, mas transferiu-se para o turfe argentino a procura do reconhecimento internacional e financeiro. Marcos Mazini, 24 anos, amadureceu como profissional e indivíduo, e aos poucos vai estabelecendo o seu reinado. Ganhou a sua primeira estatística na temporada passada numa disputa titânica com Tiago Josué Pereira e Dalto Duarte, definida na última semana da temporada.

No ano hípico de 2008/2009, as coisas ficaram bem mais fáceis para ele. Entramos no último mês da estatística e o seu bi-campeonato já está assegurado. Alguns bons jóqueis não demonstram motivação e nem força para confrontá-lo. Os motivos são diferentes. Os mais experientes lutam com problemas de peso e preferem a tranquilidade dos bons contratos. Os mais jovens não conseguem manter o foco na profissão e deixam-se levar pelos encantos e as facilidades da melhora no poder aquisitivo.

Mazini navega livre, leve e solto sem ser importunado. Tiago Josué Pereira parece antenado com a oportunidade de montar para o Stud Estrela Energia fora do país. Sonha com Paris, Dubai, Melbourne e por aí a fora. Talvez esteja certo. Ganhou sua estatística quando Ricardinho foi embora, está com 32 anos e agora quer dar vôos mais altos. Carlos Lavor, aos 40 anos, continua um jóquei de indiscutíveis qualidades técnicas, mas não tem fôlego para este combate.

Ilson Correa, Marcelo Cardoso e Bruno Reis são bons jóqueis, mas não demonstram o menor interesse em ser o numero um. Dalto Duarte é jovem, técnico e talentoso, mas oscila com problemas de peso e instabilidade emocional. Quase derrotou Mazini na temporada passada, mas perdeu o foco na hora da onça beber água. Resta Rodrigo Dias Lepre dos Santos. Deu arrancada vertiginosa no final da temporada. Mas depende de estar em dia com os problemas físicos, sobretudo a coluna, que às vezes lhe dá canseira. É um fio único de esperança de algo diferente. Possui raça e ambição, o que falta a maioria. Mas para impedir o tricampeonato de Mazini vai ser preciso muito mais do que força de vontade.

Marcos Mazini desequilibra alguns páreos atualmente. E só não faz mais por que as próprias fragilidades dos rivais, por razões diferentes, lhe deixam num mar de tranquilidade. Mazini pressionado, por algum rival, poderia dar voos muito mais altos. Seu relaxamento com o peso é inadmissível. É uma vergonha para o líder passar o peso das montarias que assina. E ele, possui estatura pequena, favorável a profissão. Você até entende o sacrifício do Ilson Correa, Jorge Leme e outros tipos longilíneos para fazer o peso ideal. Mas o Mazini é uma tampinha. Se ele decidir ficar de 54 quilos poderá fazê-lo sem problemas. E o resultado seria uma avalanche de vitórias. O exemplo do que acontecia em São Paulo com João Moreira, antes de ele ir para o exterior. Era o melhor e ainda montava leve. Era covardia.

Decidi escrever esta coluna por que admito ser um fã incondicional do Marcos Mazini. Gosto deste estilo de bridão que toca muito e bate apenas quando se faz necessário. Tem força, raça e não acredita em páreo perdido. Relutei um pouco nestes elogios por que acho que ele ainda não tem a dimensão exata do seu potencial. Pode ir bem mais longe. Tem tudo para se transformar no ídolo que o nosso turfe tanto precisa. Mas para isso tem que se inspirar no seu maior ídolo, Jorge Ricardo, segundo ele mesmo diz nas entrevistas, e dedicar-se ainda mais. Pensar grande. Mazini você é o cara. Então, precisa se comportar como o tal. O recorde sul-americano do Ricardinho é de 477 vitórias numa temporada. Por que você não tenta batê-lo no próximo ano hípico 2.009/2.010? Eu sei que parece impossível. Mas se você conseguir seu reinado pode durar 20 anos ao invés de cinco.