domingo, 31 de maio de 2009

NOS MÍNIMOS DETALHES

Grande Prêmio Professor Nova Monteiro (GR.III)-31.05.2009

Produtos de 3 anos e mais idade


Rutini, Know Heights e Hurry Regina (Woodman), de criação do Stud TNT, propriedade de Carlos Alberto Moura da Silva, obteve sua 3ª vitória, sendo esta, a 1ª em prova de grupo.

Pela 1ª vez sob a responsabilidade de Jonas Guerra, parece ter agradecido à maneira com que o mesmo conduziu seus treinos e notem, pela 1ª vez no nível do mar.

M’Almeida, em semana inspirada, deu direção perfeita ao ganhador. Sabe que os páreos de 2000 e 2100 corridos pela variante, são curtos e assim, logo após a largada, tratou de tomar a ponta como gosta e não teve dificuldade em levá-lo na liderança do lote até o disco.

Yes Book, o favorito, corria 2º e foi em seu encalço. Não conseguia acompanhar bem o ritmo imposto por Rutini e já nos 400, perdia o 2º posto e foi esmorecendo.

O 2º colocado Don Macanudo, corria 7º bem afastado na reta oposta.

Sempre muito tocado por Duarte, contornou a variante em penúltimo por dentro. Ao entrar na reta, o piloto levou-o para fora e seguiu penúltimo até os 300, quando engrenou forte atropelada e conseguiu a dupla nos 40 finais.

Portobelo foi bom 3º. Entrou na reta passando para 4º. Aproximadamente nos 40 finais, ficava para Don Macanudo e dominava Que Patriota.

Que Patriota correu 3º desde o início. Nos 400 passava por Yes Book se colocando em 2º. Perdeu duas posições nos últimos instantes.

Fechou o marcador, Starman. Chegou correndo bem, dominando Yes Book próximo ao disco.

Tempo do páreo: 2m11s56


Sérgio Melgaço

quarta-feira, 27 de maio de 2009







A incansável procura do potro de exceção

Feliz do proprietário que recebe a benção de ter na sua farda um potro campeão. É o caso do Stud Meio-Século, dono do invicto Seu Nicão, ganhador de quatro provas em igual número de apresentações. O castanho criado no Haras das Estrelas, filho de Notation e Cacique Bar, voltou a exibir-se como craque na Prova Especial Jockey Club do Rio Grande do Sul, em 1.300 metros, na areia. Grande fase do treinador André Mion. Tiago Josué Pereira teve pouco trabalho no dorso do neto de Punk numa semana em que foi o jóquei mais vitorioso. Chegou engrenado de Cingapura, aonde venceu com Glória de Campeão.

Alguns turfistas desatentos comparecem aos leilões de potros por mera curiosidade e surpreende-se com o apetite voraz daqueles que são compradores. Mostram-se confusos para entender o investimento financeiro pesado na simples tentativa de realizar um ideal. A questão não se resume a uma equação matemática. A alta média de preço dos potros e potrancas dos melhores leilões demonstram imediatamente aos observadores imparciais a total impossibilidade de lucro imediato na disputa de provas com dotações para lá de defasadas. Nada disso importa para quem sonha em possuir um campeão.

O que este grupo de indivíduos não pode entender é que a paixão não tem preço. Realizar o sonho de adquirir para sua coudelaria um líder de geração não passa por números frios e calculistas. É um exercício de amor ao puro-sangue e ao esporte. O seleto e alucinado grupo de compradores é movido por um impulso sem limite. É a busca do craque. É a procura do campeão. Para ter o privilégio dele defender suas cores nas pistas e de um dia, quem sabe, representá-lo no exterior. O que menos passa pela cabeça do comprador é o aspecto financeiro. Orgulho, vaidade e Paixão. Isto sim, move o turfista que não mede esforços para chegar a realização plena de ser dono do craque.

Dois pesos pesados da criação nacional vão realizar seus leilões de potros nos próximos dias. O Haras Santa Maria de Araras, no dia 29 de maio, e o Stud TNT, no dia 4 de junho. No final de semana estive no café da manhã promovido pelo staff de Júlio Bozzano. Haviam vários proprietários e treinadores de olho nos potros. Filiações magníficas, porte físico correto, e aquela inconfundível expressão no olhar do cavalo bem criado. Não tenho dúvida que o mesmo quadro positivo vai acontecer em relação aos potros do Stud TNT. Gonçalo Torrealba é perfeccionista, caprichoso e profissional, em tudo o que faz. Mais uma vez os curiosos vão tomar alguns drinks, comer os canapés e arregalar os olhos espantados com os preços. Mas com certeza a turma da pesada que ama o turfe e sonha alto, cada um dentro das suas possibilidades, vai fazer o possível para levar um grande craque para casa.

No início desta crônica falei do brilhante triunfo de Seu Nicão. Não seria justo deixar de registrar a exibição de gala da potranca Lovely Carolina, de criação do Haras LLC, e propriedade do Stud Dona Lúcia, na Prova Especial Jockey Club do Paraná. Invicta depois de duas apresentações, a filha de Giant Gentleman e Sweet Carolina, por Mensageiro Alado, trouxe de volta ao pódio o treinador Cosme Morgado. Marcelo Almeida esteve muito tranqüilo no dorso de sua conduzida. Lapidar, do Stud Maggiore, que pela segunda vez fez sua escolta, também parece ser potranca futurosa. Vamos aguardar a presença delas na pista de grama da Gávea, cada dia melhor.

CAMPOS

Parabéns ao Jockey Club de Campos pela realização do simulcasting com a Gávea com 12 páreos. O esforço de todo o pessoal da região aos poucos vai sendo recompensado. A parceria com a Associação de Cavaleiros e Amazonas de Campos dos Goytacazes para realização de canchas retas, aos sábados, nos finais de semana em que o simulcasting da Gávea for com o Hipódromo do Tarumã, também foi ótima idéia. Assim o turfista de Campos terá corridas de cavalos em todos os fins de semana. Vamos em frente !

domingo, 24 de maio de 2009

D E S T A Q U E S

1 – Para a direção de Lavor, montando Don Flávio Terceiro
no 9º páreo de sábado – 23.05.09.
Atenção, Atenção Mileno! O filme deste páreo tem que
ser rodado exaustivamente para os alunos de sua escola.


2 – Nota 10 para o treinador I. C. Souza, por ter apresentado
sua pensionista Índia de Bagé desferrada. A grama está
ótima. Tivemos no Domingo 4 páreos corridos no novo
tapete verde da Gávea. 29 inscrições e apenas Índia de
Bagé descalça. Resultado: GOOOOOL.


Sérgio Melgaço

NOS MÍNIMOS DETALHES

Prova Especial Jockey Club do Paraná – 1.300v-23.05.2009

Potrancas de 2 anos sem vitória em Provas de Grupo
desde 01.01.2009


Lovely Carolina, Giant Gentleman e Sweet Carolina por Mensageiro Alado, de criação do Haras LLC e de propriedade do Stud Dona Lúcia, obteve sua 2ª vitória, e continua invicta.

Eleita favorita, não teve dificuldade em derrotar suas oito adversárias.

Pulou na dianteira e no final da reta oposta, cedeu a 1ª colocação para De Lásso a Lásso. Em 3º corria Tandra, a que teoricamente seria sua maior adversária e em 4º True Clutter.

M’Almeida sentindo que sua pilotada ia muito fácil, logo após a seta dos 400 deixou-a andar e a partir daí foi abrindo luz até o disco.

A 2ª colocada, Lapidar, logo após o término da variante, estava em 6º e foi progredindo junto aos paus e na seta dos 100 tomava conta do 2º posto.

Raio de Luz, a 3ª colocada, largou em baliza desfavorável.

Fez toda a reta oposta muito aberta, contornou a variante dando vantagem e entrou na reta em 7º. Atropelou e conseguiu o 3º no disco.

De Lásso a Lásso, correu até os 400 finais na ponta e foi esmorecendo. 4º razoável.

True Clutter fechou o marcador. Entrou na reta 3º e perdeu duas colocações dos 200 ao disco.

Tandra, a 2ª mais apostada, foi um fracasso total. Já entrou na reta perdendo terreno e colocações. Deve ter havido algo.

Tempo do páreo:1m20s80

Sérgio Melgaço

NOS MÍNIMOS DETALHES

Prova Especial Jockey Club do Rio Grande do Sul
1300V – 24.05.2009

Potros de 2 anos, sem vitória em Prova de Grupo desde 01.01.2009


Como esperado, os turfistas assistiram o 4º massacre consecutivo de Seu Nicão.

Este potro de criação do Haras das Estrelas e de propriedade do Stud Meio-Século, é levado com o maior carinho pelo seu treinador A. Mion. Pode ser negociado para o exterior a qualquer momento.

No nosso entender, divide com Taos, a liderança da geração.

O teste principal para melhor aquilatar sua futura campanha nas pistas, seria uma apresentação na raia de grama.

O 2º colocado, Rei do Sultão, fez uma bela corrida, chegando relativamente perto do ganhador, uns 8 corpos aproximadamente.

Gringo chegou 3º bem afastado e Vip Winner, que ousou correr perto do ganhador durante 700 metros, estava no início do totalizador quando Seu Nicão cruzou o disco.

T. J. não teve o menor trabalho em levá-lo até o disco.

Se exigido, melhoraria em muito o tempo do páreo, que foi bom: 1m18s91.

Sérgio Melgaço

sábado, 23 de maio de 2009


Flymetothemoon, mais uma aula de Venâncio Nahid

O saudoso treinador, Alberto Nahid, patriarca de uma família de especialistas na arte de treinar puros-sangues, sempre me dizia que a maior qualidade de quem prepara cavalos para competir é a sensibilidade. Quando dei os meus primeiros passos no turfe, na profissão de repórter do Jornal do Brasil, percebi logo que esta qualidade, por ele ressaltada, sobrava nos seus dois filhos, Roberto e Venâncio Nahid. E o tempo tratou de provar com resultados incontestáveis a capacidade de ambos.

Venâncio Nahid, o popular Neném, por ser o filho mais novo, aprendeu no dia a dia, na raia e na cocheira, sob o rigoroso olhar crítico de seu Alberto. Era um homem de grande coração, mas com um gênio para lá de estourado. O temperamento forte também foi passado para Roberto e Venâncio e já era cena comum, no prado, eles discutirem entre eles. Algumas vezes seu Alberto criticava um dos dois filhos, outras, eles próprios se desentendiam. E muitas vezes conseguiam bater boca os três ao mesmo tempo. O pavio curto deles, entretanto, nunca impediu que fossem sempre unidos. E desentender-se com um era comprar briga com os três.

Neném sempre foi observador, detalhista e muito trabalhador. Com a maturidade somada a uma incrível capacidade de organizar-se e unir sua equipe de trabalho, colheu sempre grandes frutos na profissão. Cansei de ouvir do recordista mundial, Jorge Ricardo, rasgados elogios a ele. “Este Venâncio é um treinador fantástico. Ele tem a medida certa dos exercícios de raia e sempre consegue montar retaguarda forte na cocheira. Adoro montar para ele“. Na época em que trabalhei como agente de montarias, Ricardo sempre me alertava. “Não barra os cavalos do Neném sem falar comigo. E do Robertinho também não. Devo muito a família Nahid o sucesso na minha carreira’’, repetia sempre.

Neste domingo, Jorge Ricardo ouviu a transmissão do Grande Prêmio São Paulo pelo rádio. Ficou feliz pela vitória de Venâncio, mas lamentou não estar junto com ele na fotografia. Relembrou o acidente no Latino-Americano, quando caiu do dorso de Flymetothemoon. “Foi à pior rodada da minha vida. Ou pelo menos a que me custou mais caro. Deixei de ganhar pela sexta vez a prova e o GP São Paulo pela terceira vez. Mas o Neném merece tudo de bom e ficou feliz por ele”, falou resignado.

Aos 48 anos, Venâncio adquiriu experiência necessária para saber quando você tem um craque nas mãos e a sensibilidade para inscrevê-lo nos páreos certos. Lembro-me quando o treinador deixou de inscrever É Isso Aí, potranca de qualidade do Haras Doce Vale, numa prova importante, para que ela fosse direto ao Grande Prêmio Diana. O resultado também foi o triunfo montada por Dalto Duarte. Desta vez repetiu a dose. Depois da queda de Flymetothemoon no Latino-Americano, o treinador optou por deixá-lo de fora do Derby e decidiu apostar todas as fichas no GP São Paulo. Outra vitória de um filho de Onefortheroad, craque também vitoriosa em Cidade Jardim no GP Diana, a exemplo da filha, É Isso Aí. Nada no turfe é por acaso. E o currículo de Venâncio Nahid possui praticamente todas as provas importantes do calendário nacional.

Flymetothemoon, segundo o seu treinador, deve permanecer no Brasil, para disputar, em agosto, no Hipódromo da Gávea, a maior prova do turfe nacional. Neném pretende estudar com critério se vai correr ou não uma prova preparatória, mas a principio acha melhor Flymetothemoon atuar direto ao Grande Prêmio Brasil. O filho de Roi Normand já demonstrou que se apronta rápido, nos treinos, sem a necessidade de uma carreira. A respeito da vitória de domingo, Neném preferiu elogiar a direção de Waldomiro Blandi, perfeita, segundo ele.

“O Blandi me disse que quando passou o chicote para a canhota para começar a exigir dele, Flymetothemoon largou dali, como se os outros estivessem parados. Gostei muito do desempenho dele. Mostrou ser um profissional de alto gabarito. E o que dizer do cavalo. É um craque e se mantiver o estado atlético vai dar trabalho em agosto”, sonha.

domingo, 17 de maio de 2009

NOS MÍNIMOS DETALHES

Grande Premio Associação Brasileira de Criadores e
Proprietários do Cavalo de Corrida – (GR.I)-1000G-16.05.2009

Produtos de 3 e mais anos.

Última Palavra, Dodge e Uberaba Fighter (Irish Fighter), de criação do Haras Pirassununga e de propriedade do Haras Tango, obteve sua 6ª vitória, a 2ª em provas de grupo e derrota os melhores velocistas do país.

Desde a partida, que foi igual para todos, seu piloto, V. Leal procurou levar a pensionista de J. Henrique para a raia 1. À exceção desta e de Guga, todos os pilotos procuravam levar suas montadas para a grade de fora.

Nos metros iniciais, brigavam pela ponta, Cores do Brasil e a ganhadora. Após 200m, Cores do Brasil e Jaguarão trocaram de raia. Jaguarão aparecia com ganas de ganhador e disputava a ponta com Última Palavra.

Por dentro, Última Palavra e pelas raias de fora, Jaguarão, Cores do Brasil, Sicília e Taludo, tentavam aproximação.

Nos 200 finais, destacavam-se na briga pela 1ª posição, Última Palavra e Jaguarão. Este dava a impressão de que seria o vencedor, mas Última Palavra, com bom ímpeto final, livrou vantagem sobre aquele terrível adversário.

Cores do Brasil, foi ótimo 3º. Chegou a 2 corpos de Jaguarão.

Taludo, correu menos que o esperado; conseguiu o 4º lugar, ultrapassando Sicília. Esta fechou o placar..

Tempo do páreo: 56s546

Sérgio Melgaço

NOS MÍNIMOS DETALHES

Grande Prêmio Organização Sulamericana de Fomento ao
Puro Sangue de Corrida. (GR.I) –2.000G-16.05.2009

Éguas de 3 e mais anos.

Spring Love, Bonapartiste e Jungle Bells, por Aksar, vence o OSAF , de maneira categórica.

De propriedade e criação do precioso centro de criação, Haras Santa Rita de Serra, foi apresentada no último furo por F. Borges e dirigida pelo eficientíssimo I. Santana.

Spring Love teve boa largada e posicionou-se logo em 2º, seguindo a ligeiríssima Ecoute Moi. Na reta oposta corria a 3 corpos atrás da ponteira e com boa luz sobre a que vinha em 3º. I. Santana aos poucos, foi se aproximando de Ecoute Moi. Entrou na reta já dando carga na mesma e nos 400 assumiu a dianteira e com vistosos galões, rumou célere para o disco, assinalando o tempo de 2m2s109.

A 2ª colocada, fúria Olímpica, corria 6º na reta oposta, entrou na reta passando para 5º. Nos 300 passava para 3º; nos 150 assumiu o 2º posto e chegou encurtando da ganhadora. Chegou a 1 corpo da mesma.

Pedia chão no final.

Ursula’s Home, corria 10º na reta oposta, contornou a curva em 8º e sempre pelas raias 4 e 5 , conseguiu o 3º num bom esforço final.

A 4ª colocada Last Bet, corria no bloco de trás. Entrou reta em 9º pela raia 4 e D. Duarte veio procurando brechas pelas raias de dentro e pela linha 2, foi ganhando posições. Correu bem.

Fechou o marcador, Integral; correu 5º em todo o percurso.

Spring Love, a tordilha ganhadora, de 4 anos, obteve sua 5ª vitória em 17 saídas, sendo esta a 1ª no universo clássico.

Sérgio Melgaço

sábado, 16 de maio de 2009


GP São Paulo, tão saboroso quanto o filé do Moraes

Domingo é dia de Grande Prêmio São Paulo. As tribunas do belíssimo Hipódromo de Cidade Jardim vão estar superlotadas com a presença de turfistas entusiasmados. Na raia, os melhores puros-sangues do país irão travar luta titânica pela conquista da maior prova do turfe bandeirante. Há alguns anos, devido aos compromissos profissionais com a TV Turfe aqui no Rio, só tenho acompanhado as provas paulistas pelo simulcasting. Portanto, costumo dividir os Grandes Prêmios São Paulo em dois grupos, os que foram presenciados, ao vivo, e aqueles que foram acompanhados, na televisão. Os mais interessantes, sem dúvida, foram nos meus primeiros passos turfísticos, ainda garoto, pegando o ônibus da Viação Cometa, na meia noite de sexta-feira, para amanhecer em São Paulo, e correr para o prado e viver o clima dos treinos matinais.

Lembro-me de um Grande Prêmio São Paulo inesquecível. A vitória foi de Cisplatine, craque fantástica da Fazenda Mondesir. Conduzida por Gonçalino Feijó de Almeida, o Goncinha, que havia ganhado no ano anterior, com a não menos craque Bretagne, da mesma coudelaria. A nossa delegação era pequena, mas entusiasmada. Além de mim, embarcaram no Cometa, os saudosos turfistas, Albino Pinto Resende, o cronista Gil Moniz Viana e o Mauro de Faria, hoje comentarista das provas paulistas na TV Turfe. Albino trabalhava em cartório e sem dúvida era o mais bem remunerado do elenco. Os outros três eram jornalistas e tinham que dar cambalhotas para gastar dinheiro extra.

Hospedamos-nos no Hotel Luz, na Praça Júlio Mesquita, e pegamos um taxi para o hipódromo. Gil Moniz, veterano jornalista da Última Hora, conhecia vários jóqueis e treinadores e pegou algumas barbadas. Albino, o cara mais calmo que já conheci, anotava as dicas pacientemente no programa oficial. Eu e Mauro estávamos no Jornal do Brasil, mas sem compromisso de cobrir o evento, que ficou a cargo da sucursal. Albino fez questão de almoçar no Filé do Moraes, restaurante bem perto do hotel, que servia um filé gigantesco, com agrião e batatas cozidas. A carne desmanchava na boca. Embalados pelo belo almoço na conta do Albino partimos para o hipódromo. Dia de sábado era o primeiro round. Em caso de triunfo tudo ficava mais fácil para o dia seguinte. Gil Moniz optou pela cerveja e preocupou-se pouco com as apostas. Albino estava inspirado e seu temperamento tranqüilo ajudava na hora de apostar. Eu e Mauro só estávamos preocupados em ter capital suficiente para jogar em Cisplatine, no dia seguinte. Escapamos ilesos. Quando acordamos, as páginas dos jornais de domingo eram generosas com a cobertura do evento. Outros tempos, outros dias. O peruano Lutz, ganhador do Latino-americano, era considerado o favorito. Entrevistas de jóqueis e treinadores e havia até uma matéria, de canto de página, que relembrava o triunfo de Bretagne no ano anterior e sugeria que Cisplatine teria pela frente o mesmo desafio. Neste dia não teve Filé do Moraes. Chegamos ao prado cedo. Havia a coxa-creme, um salgado fantástico na social que correspondia a uma refeição.

Dada a largada, e nos posicionamos no alto da Tribuna de Profissionais, perto do locutor oficial. O páreo estava repleto de concorrentes, mas o Goncinha manteve Cisplatine da 17ª colocação. Mauro de Faria estava sem binóculo e pedia para mim, de posse do meu possante Bushnell, que acompanhasse todo o percurso da égua. Lembro-me que nos 800 metros finais, quando o locutor oficial falou o nome dela pela primeira vez, na 13ª posição, me virei para o Mauro e disse: ‘Ela vem de galope. É impossível “perder”. O locutor, sem interromper a transmissão, nos olhou como se fossemos dois loucos delirantes.

Foram seis animais para a fotografia e nenhum turfista de São Paulo conseguia entender por que eu e Mauro de Faria pulávamos com as pules de Cisplatine nas mãos. Um “turfista local falou: Este fotochart está duro’. Mas nós conhecíamos como ninguém, a posição do Goncinha, com o chicote guardado, de baixo do braço, e fazendo posição. Nenhum dos turfistas cariocas presentes ao prado paulista estava em dúvida. E de fato. A tão esperada revelação mostrou, por fora de todos, Cisplatine com meia cabeça de vantagem e seu jóquei tranqüilo, com o chicote guardado.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

NOS MÍNIMOS DETALHES

Grande Prêmio Conde de Herzberg-(GR.I)
Criterium de Potros – 1.500 G – 10.05.2009

Potros de 2 anos.

Moryba, Hard Buck e Valetza (Baromius) de criação do Haras São José e Expedictus e de propriedade do Stud Correa vence o Conde de Herzbeg de maneira bem convincente. Sua perfeita adaptação à pista de grama e sua forte atropelada, lembraram e muito seu avo Baronius.

Recebe seu treinamente sob a batuta do treinador Roberto Solanès, sem dúvida um ótimo valor da nova geração de treinadores e está alojado no maravilhoso centro de treinamento Verde e Preto.

O páreo saiu com um ritmo forte, imposto por Tibetian. Assumiu a dianteira, deixando em 2º Chiarov. Oroveso, que não largou com os da frente, e Bello Runner lutavam pelo 3º posto. Em 4º ia Roteirista e a seguir, Moryba, Fast Feet, Olympic Hawk e por último, Val de Câs.

Esta era a posição dos competidores no início da curva e que se manteve até o início da reta.

D. Duarte mostrou-se bastante competente na condução do ganhador.

Cavalo de difícil direção;por não ser ligeiro, teve uma série de percalços nos metros iniciais de suas atuações anteriores., Moryba entrou na reta passando para o 5º posto.Sempre pelas raias de dentro, Duarte o instigava e o potro correspondia. Nos 400 teve que forçar uma passagem, pois por fora dele, vinha Oroveso e Tibetian estava na sua frente. Fê-lo com maestria e antes da seta dos 200 dominou o páreo abrindo 3 corpos de vantagem até o disco sobre o 2º colocado.

Luiz Felipe Índio da Costa, satisfeitíssimo com a atuação de seu potro, pretende inscrevê-lo numa prova de grupo I, na milha.

O 2º colocado Oroveso, não largou ligeiro, mas T.J. procurou colocá-lo logo, junto com o lote da frente.. Corria 3º e com ótima entrada de reta, assumiu o 2 posto. Nos 400, voltou para 3º, quando dominado por Moryba, mas logo após a seta dos 200, voltou para 2º e seguiu firme nesta colocação até o disco.

Val de Cãs, 3º colocado correu sempre em último. Atropelou pela raia 1 e nos 100 finais passava para 3º.

O 4º colocado foi Fast Feet. Entrou na reta na frente de 2 e tentou atropelar pela raia 1. Quando Bruno Reis percebeu que seu potro tinha ação, mas ficaria sem passagem, levou-o para a raia 8. Atropelou junto com Val de Cãs, mas não conseguiu suplantá-lo. Chegou correndo bem.

Fechou o placar, Tibetian. Ponteou a prova imprimindo um train muito violento e a partir dos 250, foi perdendo posições.

Sérgio Melgaço

segunda-feira, 11 de maio de 2009

NOS MÍNIMOS DETALHES

Grande Prêmio Francisco Vilella de Paula Machado (GR.II)- Criterium de potrancas-1.500 G – 09.05.2009.

Potrancas de 2 anos

Ópera Cômica, Giant Gentleman e Científica (Cipayo), de criação do Haras Tributo à Ópera e propriedade do Stud Estrela Energia, obteve sua 2ª vitória, sendo esta, a 1ª em prova de grupo.

Tem seu preparo a cargo do treinador revelação do ano, Givanildo Duarte e foi conduzida com corretíssima direção de T. J. Pereira, que não teve grande dificuldade em levá-la ao disco, vencedora.

Após boa largada, corria 2º, seguia First-Rate, que fez questão de correr na dianteira.

Nos 1.000, T J., percebendo que sua montada ia muito fácil, assumiu a ponta resolutamente e seguiu na frente, firme, até o espelho.

Dear Nati, 2ª colocada, corria penúltimo, posição na qual ficou até os 500. Lavor procurou progredir pelas raias internas e sua pilotada seguia ganhando posições. Nos 250, levou-a para a raia 3 e nos 150 Dear Nati dominava Desejada Normand . Teve boa aceleração final.

Chegou a 1 corpo da ganhadora. Foi pela 1ª vez na reta grande.

Gostou da distância e da grama.

A 3ª colocada, Desejada Normand, correu um pouco menos que o esperado. Corria 3º e entrou na reta no 2º posto. Ameaçou uma atropelada que não se concretizou e ainda foi superada no final por Dear Nati.

Sempre Linda, sempre em 4º. Por instantes, na reta chegou a assumir o 3º posto, mas a seguir voltou para 4º, quando Dear Nati atropelou.

La Garçonne fechou o Placar. Largou devagar e chegou a ficar 4 corpos atrás em último. Ganhou 2 posições.

Tempo do páreo; 1m29s27.


Sérgio Melgaço


Na foto abaixo, vemos o cavalariço Érico, segurando a heroína do criterium de potrancas. G. Duarte oferece com orgulho sua taça para a mesma.

quinta-feira, 7 de maio de 2009


À espera de um fenômeno

Qualquer esporte depende dos grandes ídolos para decolar. São eles que embalam as multidões com seus lampejos geniais, com o arrojo permanente e com aquela capacidade de surpreender a todos os mortais que acompanham determinada competição ao vivo ou pela televisão. O final de semana esportivo deixou isto bem claro. No presente, com o título de campeão paulista do Coríntians comandado por Ronaldo Fenômeno, e por capricho, nos fez relembrar, no feriado do Dia do Trabalho, os 15 anos da morte de Ayrton Senna, o maior piloto de Fórmula 1 de todos os tempos. Na arte do futebol de Ronaldo pudemos concluir o abismo entre o craque e o bom jogador. No `` recuerdo `` daquelas antigas manhãs de domingo com o Senna fizemos um exercício doloroso, mas ao mesmo tempo, encantador para os nossos corações.

No sábado, cheguei por volta das 11h30m na Gávea. Faltava meia hora para o programa Turfe Espetacular. Avistei o turfista Marinho, ex-craque do Milionários, um dos melhores times que já vi jogar no aterro do Flamengo. Há cerca de três meses conversávamos sobre a situação do Ronaldo, ainda gordo, e envolvido com a fisioterapia. Marinho, na ocasião, sentenciou : ´´ Só se for como marketing. Ele não consegue voltar a jogar bola neste ritmo de hoje. Eu rasgo o meu diploma ``, falou convicto. Me lembro apenas de ter dito. `` Cuidado. Não esqueça que o apelido do cara é Fenômeno. E ninguém é chamado assim a troco de nada. Ele já deixou muita gente falando sozinho ``.

Quando o Marinho me viu, não me deu tempo nem para abrir a boca e lhe dar uma encarnada. ´´ Paulo Gama, você tinha razão. O cara é um fenômeno. Ele nem precisa estar no auge da forma física. A diferença dele para os outros é tão grande que ele se destaca ao natural. Parece até o Juvenal ou o Ricardinho no turfe. E o carisma dele é impressionante. Todo mundo torce pelo cara. É uma atmosfera que contagia as multidões ``, exultou.

Em 1994, o grande responsável por esta atmosfera toda especial era Ayrton Senna. Ele parava o país, fazia todo mundo acordar mais cedo para sentir aquele orgulho de ser brasileiro. Mas naquele domingo, o tri-campeão mundial, maior ídolo do esporte nacional, entrou a mil por hora naquela curva fatídica de Ímola. Era dia de Grande Prêmio São Paulo. Much Better, do Stud TNT, defendia grande favoritismo, pois havia ganho o Clássico Latino-americano, dois meses antes, em La Plata, na Argentina. Por coincidência, Ayrton Senna era o maior ídolo também do jóquei e do treinador de Much Better, Jorge Ricardo, e João Luiz Maciel.

Nos reunimos logo cedo para ver a corrida na televisão. Após o acidente, eu, Ricardinho e Maciel nos entreolhávamos desolados, mas com alguma esperança da batida não ter sido fatal. Toca o telefone. O proprietário de Much Better, Gonçalo Torrealba, com experiência de pilotar até Stock Cars, nos prepara para o pior. ´´ Vamos pensar agora na corrida do Much Better. Tudo é possível, mas pela minha experiência, perdemos para sempre o nosso campeão ``, afirmou.

Foi o dia mais triste do Hipódromo de Cidade Jardim. Ninguém olhava para a pista ou para os cavalos. Grupos reunidos, em frente a televisão, a espera de um milagre. Mas este milagre não veio. Pouco antes da realização do Grande Prêmio São Paulo todos já sabiam da morte do extraordinário corredor. Much Better foi lá e fez a sua parte. Ganhou a maior prova do turfe paulista, num ano em que ainda seria ganhador do Grande Prêmio Brasil e do Grande Prêmio Carlos Pelegrinni. A comemoração foi constrangedora. Todos estavam tristes. O público paulista bateu palmas timidamente reconhecendo o campeão, mas o coração de todos estava partido. Me lembro de termos jantado juntos antes voltar para o Rio. Mas a alegria pelo importante triunfo não se comparava com a perda irreparável de toda a nação.

O turfe também teve seus fenômenos. Um deles não tive o privilégio de conhecer no auge, mas a história lhe rende grandes homenagens: Luiz Rigoni. O homem do violino escreveu algumas das mais belas páginas do turfe brasileiro. Acompanhei toda a carreira de outros dois fora de série. O alagoano, Juvenal Machado da Silva, recordista de vitórias no Grande Prêmio Brasil, um fenômeno das rédeas, e agora aposentado. Só está em atividade e no topo do mundo Jorge Ricardo. Infelizmente, o recordista mundial está radicado no turfe argentino. A pista de grama da Gávea ficou maravilhosa, o hipódromo até o dia do Grande Prêmio Brasil vai ficar um brinco e os nossos cavalos são tão bons, que vencem corridas no mundo inteiro. Por aqui, só falta uma coisa. O esportista genial que vai recolocar o turfe na mídia. Só nos resta esperar por um novo fenômeno. Só eles levantam as multidões. Só eles mudam o curso da história. Só eles tornam possível o impossível. Que pena o Alex Mota ter parado de montar...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

NOS MÍNIMOS DETALHES

Grande Prêmio Antônio Carlos Amorim (GR.III)-1.400-03.05.2009

Éguas de 3 anos e mais idade.


Right Line obteve sua 6ª vitória, a 1ª em prova de grupo, para alegriados titulares do Stud Quintella. Foi apresentada em magníficas condições de treino por L. G. F. Ulloa. Desta feita aproveitou a possibilidade do uso de lasix.

C. Lavor, piloto clássico por excelência, que já dera direção espetacular nesta égua em outra ocasião, agora não teve maiores dificuldades em levá-la ao disco, vencedora.

Logrou boa partida e seu piloto posicionou-a no 2º posto. Seguia fácil a ponteira e nos 400, Lavor começou a exigi-la mais a fundo e Right Line progredia, até que, nos 250 dominou o páreo e chegou ao disco com 1 ¼ corpo de vantagem.

Rolete Ricci, a 2ª colocada foi a responsável pelo train ligeiro da prova.

Mesmo largando no 2º grupo de boxes, M’Almeida conseguiu que a mesma tomasse logo a ponta,. É ligeira e está acostumada aos tiros curtos. Foi uma boa surpresa, já que foi pela primeira vez na distância e manteve o segundo posto até o espelho.

Em 3º, chegou Secret War, que confirmou as 3 primeiras colocações do placar para a criação do Haras Santa Maria de Araras. Esta competidora não foi feliz na largada. Penúltima no pulo, 9º na entrada da reta, seu piloto teve que lançá-la pela raia 10, pois não havia espaço pelas raias internas.

Com boa tocada, Jean Pierre conseguiu fazê-la progredir. Nos 150 alcançou o 3º posto.

Qualidade Indy, foi a 4ª colocada. Última no larga, foi levada com muita paciência por C. G. Netto. Corria último até os 500, sempre pelas raias 1 e 2. Nos 400, Gugu sentiu que pelas raias internas, não obteria passagem.

Mais que depressa levou sua conduzida para fora. Nesta altura, estava em 10º. Após promover proveitosa troca de mão para sua pilotada – ele é craque nisso - iniciou violenta atropelada, conquistando várias posições, para finalmente conseguir o 4º lugar nos derradeiros instantes. Mais uma atuação de grande mérito deste piloto.

Ducados, foi a 5ª colocada, fechando o placar. Correu sempre entre as últimas. Teve alguns percalços no percurso. Na reta ficou meio entreverada mas Rodrigo conseguiu se livrar de algumas competidoras. Nos 50 finais conseguia o 4º posto , posição que perdeu no disco.

Hilaris não gostou da distância e parece ter perdido um pouco sua forma.

Entrou na reta no 5º posto e foi esmorecendo.

Right Line, marcou 1m22s08, o melhor tempo até agora registrado na nova pista de grama.

Não correram: Malvada e Lança Dourada.

Sérgio Melgaço