quinta-feira, 30 de julho de 2009







Turfista terá GP Brasil de alto nível técnico

Depois de 27 anos na profissão de cronista de turfe me surpreende o sentimento renovado no meu íntimo, a cada temporada, quando começo a escrever sobre o Grande Prêmio Brasil. A sensação é a de um calouro, sentado pela primeira vez numa redação de jornal, com a responsabilidade de participar da cobertura de um grande evento. Hoje, depois de tantos anos, a realidade é outra. Mas, em 1982, quando ganhou Gourmet, do Haras Ipiranga, montado por Juvenal Machado da Silva, eu tinha apenas 23 anos. O diploma da Faculdade de Comunicação me havia sido entregue dois meses antes daquela inesquecível vitória, de ponta a ponta. Eu só entraria para o Jornal do Brasil em dezembro, mês do inesquecível duelo pela estatística entre Juvenal e Jorge Ricardo, empatados até a última reunião do ano. Foi a primeira estatística do Ricardinho e a última do Juvenal.

Naquele instante eu era apenas um turfista apaixonado, fã incondicional do jóquei alagoano, recém casado, e a procura de uma oportunidade na imprensa. Com minha mulher grávida e poucas alternativas no mercado de trabalho apostei o que restava da minha indenização, após a saída do emprego no Serpro, no cavalo do Juvenal. Era dia 1º de agosto, dia do meu aniversário, e o rateio de R$ 10,20, foi a maior tacada que dei até hoje numa corrida de cavalos. Quando Gourmet cruzou o disco senti aquele alívio de pular um obstáculo que parecia intransponível. Até hoje foi a maior emoção no turfe. E toda minha vida mudaria a partir daí. Troquei a tribuna A, do hipódromo, pela redação do JB, na Avenida Brasil, nº 500, logo depois da Rodoviária.

No Jornal do Brasil convivi com os maiores cobras do jornalismo esportivo, entre eles, João Saldanha, emérito turfista, Sandro Moreira, Oldemário Touguinhó, João Máximo, Vicente Sena, Marcos de Castro, Aparício Pires, Antônio Maria Filho, Fernando Calazans, Paulo César Vasconcelos, João Areosa, Tim Lopes, Tadeu Aguiar, Sérgio Rodrigues, Mair Pena Neto, Eloir Maciel, José Antônio Gerhain, Marcos Ribas de Faria e Ester Lima, hoje no mesmo barco comigo aqui no Jockey Club Brasileiro. O turfe tinha espaço extraordinário naqueles tempos. A editoria de esportes tinha quatro páginas diárias, duas de futebol, uma de turfe e a outra para todos os demais esportes. O mesmo acontecia no O Globo e no O Dia. Eram tempos gloriosos aonde o turfista se deleitava com as matérias detalhadas sobre os cavalos, jóqueis e treinadores. Os aprontos matinais e as barbadas.

De volta a 2.009, o Grande Prêmio Brasil deste ano será sensacional. Em primeiro lugar, por que os três favoritos da prova, normalmente, já deveriam ter sido embarcados para os Estados Unidos, Europa ou Dubai. Flymetothemoon, do Haras Doce Vale, Hot Six, do Stud Estrela Energia, e Smile Jenny, do Stud Torna Surriento, são animais de exceção. Nos últimos anos, todos os puros-sangues com sua classe foram negociados para o exterior ou embarcados por seus proprietários para seguir campanha por lá. Eles agora viraram a idade e têm direito de correr o Grande Prêmio Brasil. Me parece bastante viável que um deles escreva o seu nome na galeria dos vencedores da tradicional prova.

Outro fator motivador do público para a prova deste ano foi a decisão da diretoria do Jockey Club Brasileiro de homenagear dois dos maiores ídolos do turfe brasileiro de todos os tempos; Jorge Antônio Ricardo e Juvenal Machado da Silva. Reverenciados por uma legião de fãs, Juvenal e Ricardinho vão atrair uma multidão de antigos turfistas para o prado no intuito de participar desta homenagem. Muita gente que costumou-se a comodidade dos agentes credenciados, vai aparecer no prado.A motivação de homenagear os ídolos deixará de lado a facilidade de assistir as corridas perto de casa, sem necessidade de condução e o conforto de colocar bermuda, camiseta e sandália.

O turfe é uma paixão.Uma tarde no hipódromo é algo incomparável. A entrada é franca para o espetáculo das fardas coloridas, o barulho do movimento titânico das patas dos cavalos e a elegância das mais belas mulheres numa tarde de Grande Prêmio Brasil. Tudo isso mexe com o coração de qualquer turfista. No próximo domingo, você terá a oportunidade de reviver esta sensação tão especial de se arrumar para ir ao hipódromo. Pegue o binóculo no canto do armário e imagine quantos páreos inesquecíveis ele já compartilhou com você. Escolha uma gravata bonita e compare com as opções de camisa. E o terno? Pode estar meio surrado, mas nada que uma lavanderia não corrija. Anime-se! No domingo você vai acertar uma grande barbada! Será mais um domingo muito especial na sua vida. Domingo, 2 de agosto de 2.009, é o dia do Grande Prêmio Brasil!

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