quarta-feira, 3 de junho de 2009







Marcos Mazini, cada dia melhor


O turfe carioca encontrou o substituto para o campeão Jorge Ricardo, que reinou absoluto por 24 anos, mas transferiu-se para o turfe argentino a procura do reconhecimento internacional e financeiro. Marcos Mazini, 24 anos, amadureceu como profissional e indivíduo, e aos poucos vai estabelecendo o seu reinado. Ganhou a sua primeira estatística na temporada passada numa disputa titânica com Tiago Josué Pereira e Dalto Duarte, definida na última semana da temporada.

No ano hípico de 2008/2009, as coisas ficaram bem mais fáceis para ele. Entramos no último mês da estatística e o seu bi-campeonato já está assegurado. Alguns bons jóqueis não demonstram motivação e nem força para confrontá-lo. Os motivos são diferentes. Os mais experientes lutam com problemas de peso e preferem a tranquilidade dos bons contratos. Os mais jovens não conseguem manter o foco na profissão e deixam-se levar pelos encantos e as facilidades da melhora no poder aquisitivo.

Mazini navega livre, leve e solto sem ser importunado. Tiago Josué Pereira parece antenado com a oportunidade de montar para o Stud Estrela Energia fora do país. Sonha com Paris, Dubai, Melbourne e por aí a fora. Talvez esteja certo. Ganhou sua estatística quando Ricardinho foi embora, está com 32 anos e agora quer dar vôos mais altos. Carlos Lavor, aos 40 anos, continua um jóquei de indiscutíveis qualidades técnicas, mas não tem fôlego para este combate.

Ilson Correa, Marcelo Cardoso e Bruno Reis são bons jóqueis, mas não demonstram o menor interesse em ser o numero um. Dalto Duarte é jovem, técnico e talentoso, mas oscila com problemas de peso e instabilidade emocional. Quase derrotou Mazini na temporada passada, mas perdeu o foco na hora da onça beber água. Resta Rodrigo Dias Lepre dos Santos. Deu arrancada vertiginosa no final da temporada. Mas depende de estar em dia com os problemas físicos, sobretudo a coluna, que às vezes lhe dá canseira. É um fio único de esperança de algo diferente. Possui raça e ambição, o que falta a maioria. Mas para impedir o tricampeonato de Mazini vai ser preciso muito mais do que força de vontade.

Marcos Mazini desequilibra alguns páreos atualmente. E só não faz mais por que as próprias fragilidades dos rivais, por razões diferentes, lhe deixam num mar de tranquilidade. Mazini pressionado, por algum rival, poderia dar voos muito mais altos. Seu relaxamento com o peso é inadmissível. É uma vergonha para o líder passar o peso das montarias que assina. E ele, possui estatura pequena, favorável a profissão. Você até entende o sacrifício do Ilson Correa, Jorge Leme e outros tipos longilíneos para fazer o peso ideal. Mas o Mazini é uma tampinha. Se ele decidir ficar de 54 quilos poderá fazê-lo sem problemas. E o resultado seria uma avalanche de vitórias. O exemplo do que acontecia em São Paulo com João Moreira, antes de ele ir para o exterior. Era o melhor e ainda montava leve. Era covardia.

Decidi escrever esta coluna por que admito ser um fã incondicional do Marcos Mazini. Gosto deste estilo de bridão que toca muito e bate apenas quando se faz necessário. Tem força, raça e não acredita em páreo perdido. Relutei um pouco nestes elogios por que acho que ele ainda não tem a dimensão exata do seu potencial. Pode ir bem mais longe. Tem tudo para se transformar no ídolo que o nosso turfe tanto precisa. Mas para isso tem que se inspirar no seu maior ídolo, Jorge Ricardo, segundo ele mesmo diz nas entrevistas, e dedicar-se ainda mais. Pensar grande. Mazini você é o cara. Então, precisa se comportar como o tal. O recorde sul-americano do Ricardinho é de 477 vitórias numa temporada. Por que você não tenta batê-lo no próximo ano hípico 2.009/2.010? Eu sei que parece impossível. Mas se você conseguir seu reinado pode durar 20 anos ao invés de cinco.

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