quinta-feira, 6 de agosto de 2009







Jeune-Turc, Mazini e Venâncio, os heróis do GP Brasil

A série de três vitórias consecutivas do turfe paulista no Grande Prêmio Brasil foi interrompida por Jeune-Turc, castanho criado no Haras Fronteira e propriedade do Stud CED. Por coincidência, dois cavalos vencedores do Grande Prêmio São Paulo, o próprio Jeune-Turc, em 2.008 e Flymetothemoon, do Haras Doce Vale, este ano, formaram ponta e dupla na maior prova do turfe brasileiro. O treinador Venâncio Nahid, responsável pela apresentação soberba dos dois corredores alcançou seu terceiro triunfo no importante páreo. Nahid já tinha ganhado em 1990, com Flying Finn, do Stud Numy, e 2.005, com Velódromo, do Haras Dar-El-Salam. O bi-campeão da estatística de jóqueis do turfe carioca, Marcos Mazini, venceu pela primeira vez e a sua emoção regada por muitas lágrimas sensibilizou e contagiou a todos.

O Hipódromo da Gávea viveu tarde de gala. E o fato de todas as provas de Grupo I terem marcado vitórias dos cavalos cariocas levou a multidão ao delírio. No sábado, o GP Major Suckow e o GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra foram vencidos por Sol de Angra, do Stud Performance, e La Vendetta, do Haras Tributo à Ópera. No domingo, outra vez, brilhou o castanho Olympic Ellection, do Haras Regina, e Jeune-Turc, na prova central. Domínio absoluto do turfe local.

O Grande Prêmio Brasil resgatou a classe indiscutível de Jeune-Turc, um ano mais velho do que os três favoritos, Flymetothemoon, Hot Six e Smile Jenny. Segundo colocado na prova preparatória, o GP 16 de Julho, Jeune-Turc ficou na conta, ou como se diz na gíria turfística, no último furo para o grande dia. Flymetothemoon andou sendo estorvado na primeira parte da corrida. Não sei até que ponto os prejuízos iniciais afetaram a disposição e a coragem do potro para sua atropelada final. Waldomiro Blandi foi obrigado a fazer percurso menos convencional para evitar outros transtornos. Na reta final, Flymetothemoon se apresentou, aproximou-se de Jeune-Turc, mas cansou e não trouxe a mesma ação final do mês de maio quando ganhou o GP São Paulo. Hot Six decepcionou. Smile Jenny fez corrida honrosa e chegou à quarta posição. Os 2.400 metros parecem ser um pouco demais para ela.

Jeune-Turc teve percurso soberbo de Marcos Mazini. Aos 24 anos, o campeão da estatística correu com a tranqüilidade de um jóquei veterano. Fez o traçado sempre por dentro para aproveitar ao máximo o fato do seu conduzido ter largado na baliza dois. Na reta final ficou sempre por dentro a espera da passagem definitiva que o levaria a glória. Ela custou um pouco a surgir devido ao paredão de concorrentes a sua frente. Com extrema coragem, ao perceber a arrancada final de Flymetothemoon por fora, ele forçou na marra uma brecha junto à cerca interna. Livre dos obstáculos, seu pilotado fugiu para o disco para ganhar com extrema facilidade. Flymetothemoon manteve a dupla, enquanto Lignon’s Hero, do Haras São Francisco da Serra, na melhor atuação da sua campanha, ficou com o terceiro lugar a frente da craque Smile Jenny.

Venâncio Nahid atingiu a maturidade como treinador há muito tempo. Mas a exemplo de qualquer ser humano, evoluiu ainda mais com a experiência. A gente notava nas entrevistas sua certeza absoluta na vitória. Nas entrelinhas, me pareceu que Flymetothemoon era sua maior fé. Não tenho certeza. Elegante e astucioso, Venâncio sempre fazia questão de reconhecer o favoritismo do defensor do Haras Doce Vale, mas de ressaltar que Jeune-Turc era uma carta que tinha na manga para levar a vitória de qualquer jeito. E foi o que acabou por acontecer. Foi emocionante quando pediu o microfone e dedicou a vitória a seu pai, o saudoso treinador Alberto Nahid, que tive o prazer de conhecer e admirar.

Juvenal Machado da Silva recebeu justa homenagem como recordista de vitórias na prova com cinco triunfos. Aos 54 anos, com apenas 60 quilos, muita gente quis incentivá-lo a montar pelo menos mais uma temporada. Juvenal limitou-se a sorrir. Cercado por fãs e admiradores contou histórias, perambulou pelas tribunas com aquela simpatia e o carisma que o transformaram num ídolo incontestável. Jorge Ricardo teve a elegância e a postura de sempre. Desaconselhado pelos médicos a comparecer ao evento devido ao alto grau de stress emocional, ele acompanhou as corridas desde o primeiro páreo pela internet. E logo depois de ter sido corrido o GP Brasil telefonou para o estúdio e ao vivo agradeceu à homenagem a diretoria do Jockey Club Brasileiro. Emocionado prometeu aos turfistas voltar a montar e recuperar o recorde mundial. Agradeceu também a todos os turfistas que rezam pelo pronto restabelecimento de sua saúde. Enfim, um Grande Prêmio Brasil irretocável. Parabéns a todos os funcionários do clube que trabalharam bastante para garantir o sucesso da festa e a possibilidade de receber bem os milhares de turfistas que vieram de todo o país para participar do evento.

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